o Poeta em um labirinto
Andava o poeta, ao cair da tarde,
em praia quase deserta
a olhar o horizonte sobre o mar azul
seus olhos vislumbravam o paraíso
um paraíso perdido, mas nunca esquecido
em sossego, em perfeita contemplação,
o poeta acalentava uma saudade benfazeja
não era de areia e sal a sua esperança
era de temor, de angústia e de medo.
Fora neste mar, não nesta mesma encosta
que o poeta um dia, em tarde semelhante
perdera a sua crença no mundo,
no homem, em Deus e no amor.
O poeta conhecera a sua musa
em arriscado encontro matutino
em perfeito delírio criativo
o poeta sentou à mesa com a musa
tomou café bebeu vinho, subiu ao céu
e desceu ao inferno de mãos dadas
o mar de tão azul e calmo se encantou
sumira, como em sonho em pesadelo,
nem mesmo o chão que era firme,
lhe segura a alma atônita
fora o sol que caíra do céu, como um cometa,
diante dos seus olhos de espanto, incrédulos.
Agora o amar não é mais azul, nem fluido
nem a praia é de areia e sal como fora outrora
tudo lhe parece de éter, de ilusão, de desespero…
o livro
EVAN DO CARMO