SINOPSE
O EMERGIR DO CAOS NA CONSUBSTANCIAÇÃO DO SER A vida que nós recebemos nos foi dada não para que simplesmente a admiremos, mas para que estejamos sempre à procura de uma nova verdade escondida dentro de nós. (Leon Tolstói) Sol a pino. Vermelho igual labareda de fogo lambendo as coivaras no meio da roça. Dias assim a minh’alma se in_quieta. Ressurge o desejo de voo. O peito parece caminho de procissão. As palavras tamborinam por dentro pedindo passagem. O coração se desmantela todo. Os meus olhos (de salamandra negra escondida entre as brechas do barro em parede de taipa) parecem duas jangadas no vai-e-vem das ondas pelo cair da tarde. Dias assim sou pouco hospitaleiro. Entrincheiro-me em brabeza e valentia, igual os ‘cabras’ de Lampião na rudeza da caatinga, ante o frio olhar dos volantes. Foi em um dia igual a este que Evan do Carmo me enviou o seu livro “Fragmentos do caos”. Li sem pestanejar. A um só fôlego. Feito um sertanejo nordestino elevando suas preces ao provedor da chuva. A alegria foi tanta que o sol, de súbito, se derreteu em intensa água. Abrandando a minh’alma aos meus assentos de terra. Em uma gastura humana familiar. No mesmo instante o jogo cruzado da vida e da morte me apanhou o ser em um empréstimo de afeto. Fui me des_gastando aos poucos. Lendo devagar. Colonizando-me aos amarres do existir em uma vicissitude de abelha sugando uma flor. Apreciei o livro como se fosse uma canoa sobre as corredeiras de um rio. Respeitoso. Furtivo. Bravio. Esperançoso. Feito sombra que o corpo projeta. Desprovido de solo, raízes e húmus. Palavras não podem traduzir. Evan do Carmo agasalha cada texto em uma arrumação de casa e arranjo de fé. Aludindo seus escritos aos nossos abismos sem fim.
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